Na década de 80 do século XX, na cidade de Itabaiana, uma das maneiras de se ofender uma pessoa era chamá-la de viado (era como se pronunciava o vocábulo veado) e bastava o cara se chatear com alguém que soltava o verbo: seu viado safado. Essas agressões eram comuns nas discussões e na maioria das vezes os desentendidos ficavam somente na discussão daquele momento. No outro dia estava o dito pelo não dito e os desentendidos já estavam calmos e sem ofensas.
Nesta época não existia computador e muito menos internet, as ofensas eram ditas olho no olho e na grande maioria das vezes era feitas apenas para chatear uns aos outros. Por isso quase sempre não eram levadas a sério pelos ofendidos e nem pela plateia. Não tinha como fazer ofensas coletivas de maneira anônima, pelo menos era o que se pensava até aparecerem as famosas listas dos que supostamente (não foram identificados os autores do feito) eram os ditos viados (homossexuais) da cidade.
A criatividade dos ceboleiros veio a tona e criaram um meio de ofenderem as pessoas de maneira coletiva e anônima. Não existiam computadores e internet, mas já existia a figura da máquina de escrever (manual e elétrica) e algum (uns) desocupado (s) (provavelmente foram várias pessoas) teve ou tiveram a ideia de datilografar (escrever) listas com os nomes dos que eles acreditavam serem os viados da cidade. Claro que as listas constavam somente nome das pessoas mais populares da cidade!
Depois que datilografaram as listas, fizeram a distribuição e como tinha de ser uma distribuição anônima, fizeram durante a madrugada e foram colocadas, as listas, por debaixo das portas de uma grande quantidades de residências, na grande maioria residências comerciais.
Quando amanheceu o dia e os moradores passaram a ler a correspondência, as reações foram diversas e ocorreram diversas situações agressões verbais. Apesar das várias agressões verbais, ocorreram muitas situações das mais engraçadas possíveis. Quando o sujeito lia a correspondência (lista) e via o nome dele, geralmente, ficava uma fera praguejando, mas teve alguns em que a pessoa ficava rindo da situação.
Ocorreram várias situações cômicas e a mais comum era quando o sujeito lia a lista, o nome dela não constava e ele saia pelo comércio tirando onda com os que constavam na lista. Era quando recebia de volta que o nome dele também constava na lista e foi dessa maneira que foram percebendo que existiam várias listas. Quando esse fato ocorria, não tinha reações de xingamentos e sim todos caiam na gargalhada pela surpresa que ambos estavam com os nomes na lista!.
Depois do ocorrido e durante muito tempo, para ofender alguém, não precisava mais chamar de viado e sim dizer “seu nome está na lista”.
Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)
Após conhecer o novo significado de "seu nome tá na lista", fica difícil utilizar a expressão sem nos reportarmos a esse conceito não convencional
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