segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O OVO PODRE

Dizem que feira é lugar de bagunça, não só bagunça, mas é um lugar que aparece gente de tudo que é lugar e de todo tipo.

Quando era adolescente, eu e minha mãe vendíamos na feira de Itabaiana(SE). A banca ficava bem próximo do poste de iluminação que fica bem no centro do Largo Santo Antônio.

Em um belo dia ensolarado, desses bem calorentos, de repente do nada ouvir alguma coisa bater por cima da lona que cobria a banca. Subiu um mau cheiro desgraçado e na qual exclamei: “Puta que pariu! Alguém atirou um ovo podre em cima da banca!”.

Quando vendia nas feiras livres as bancas eram cobertas com lonas que
se usavam para cobrir as cargas nos caminhões

Eu fiquei olhando em várias direções para ver se percebia quem poderia ter feito o ato de vandalismo. A única pessoa que desconfiei era um vendedor novato, um pernambucano! Estava assobiando e olhando para o céu como se não estivesse presente naquele momento. Como não poderia fazer uma acusação sem ter certeza que o mesmo teria atirado o ovo, fiz uma pesquisa, nas redondezas, e alguns dos antigos vendedores confirmou a minha suspeita.

O problema é que não iria enfrentar o sujeito e tirar desaforo no meio da feira e sem falar que o sujeito parecia daqueles disposto a criar intrigas para se aparecer.

Na feira seguinte (no outro sábado) lá estava ele assobiando e com a desfaçatez de sempre.

Quase todas as manhãs costumava ir até a feira dos manuês(bolos) tomar um café e nessa de tomar café escutei quando uma das vendedoras pediu para o filho ir jogar alguns ovos fora, por que estavam podres! Eu escutando, fui logo fazendo um pedido: a senhora poderia me dar um desses ovos? No que ela me respondeu: “mas para que você quer um ovo podre, menino?” Mesmo me questionando, me deu um dos ovos.

Não precisa dizer que atirei este ovo na banca do assobiador que sempre estava olhando para o céu e em outro mundo.

Quando o sujeito sentiu o mal cheiro, provocado pelo ovo podre,foi logo gritando: “quem foi o fila da puta que atirou um ovo podre em minha banca?” Da mesma maneira fiquei assobiando e olhando o céu estando em outro planeta!

Depois de meia hora mais ou menos, o sujeito se aproximou da minha banca e me reclamou: “rapaz, você acredita que teve um fila de uma puta que atirou um ovo podre em cima da minha banca?” Eu prontamente respondi:” rapaz, deve ter sido o mesmo vagabundo que atirou um ovo na semana passada aqui na minha banca. Olhe aqui em cima onde o fila da puta atirou o ovo? deve ter sido o mesmo.”

Como ele não iria me desmentir pelo fato de ter sido ele o autor da primeira empreitada, ele simplesmente mordeu os lábios, coçou a cabeça e saiu com as mãos na cintura e retrucando: “quem será que foi esse fila da puta?”

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)
www.carlosgeografia.com.br

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