Uma das coisas mais fantásticas que sempre presenciei eram as rodas de conversas que existiam para falar de causos. Os assuntos mais falados eram lobisomens, carneiro de ouro, doidos, saci pererê, mula sem cabeça, fogo corredor, da vida dos outros e principalmente das filhas dos outros (fofoca).
Os doidos
Nestas rodas de conversas, os doidos eram todas pessoas que normalmente agiam diferentes dos ditos adultos, mas nem todos que eles diziam serem doidos, eram realmente doidos. .Bastava o sujeito beber mais que o normal ou a pessoa se vestir fora dos padrões conhecidos que já era taxado de doido.
Tinham muitas pessoas já adultas na idade, mas o comportamento de uma criança e conseqüentemente era taxadas de doidas ou recebiam o adjetivo de piradas. Mas não se pode dizer que uma pessoa adulta com comportamento de criança possa ser chamada de doida. Partindo desta argumentação, teríamos de dizer que nossas crianças possuem comportamento de doido. Um desses “adultos criança” para comemorar o carnaval, arrancou alguns pés de flores com uma pequena parte do solo, colocou em cima do chapéu e amarrou. Ficou tão bom, que as pessoas o elogiavam por onde passavam e acredito por perceberem como ele usou a criatividade e imaginação para curtir o carnaval. Nunca o tinha visto mais sorridente!
Os doidos e os lobisomens
Existiam aquelas pessoas que realmente tinham comportamento agressivo sem nenhum motivo aparente, mas não eram muitos e eram conhecidos da população. Os dois mais conhecidos eram o doido da Rua nova (nunca soube o nome dele) e do Beco do Ouvidor (Xexéu - José Carlos). O da Rua Nova vivia o tempo todo preso, tinha comportamento estranho todo momento, de vez em quando ficava agressivo e era comum querer agredir pessoas. O Xexéu tinha comportamento de uma pessoal normal quase todo o tempo e só de vez em quando começava a chorar, ficava chamando pela mãe (faleceu quando ele era criança) e às vezes passava a quebrar os móveis da casa, mas nunca vi agredir pessoas. O Xexéu era um carpinteiro muito bom e construía violões com perfeição, mas o problema é que, nos ataques, às vezes ele quebrava as próprias obra de arte.
Nas rodas de conversa, as pessoas sempre comentavam o comportamento fora do normal dessas pessoas e todos tinham o parecer científico sobre o assunto. Era comum afirmarem que as agressões só aconteciam em noites de lua cheia (isso não era verdadeiro) e eu sempre ficava imaginando o que tinha a ver o comportamento agressivo com a lua. Até a adolescência, eu achava que essas pessoas tendo esse comportamento em noite de lua cheia tinha alguma coisa a ver com os lobisomem, mas quando questionava essa semelhança, algumas pessoas me mandavam ficar calados e deixar de inventar coisas!
Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena -Geografia (UFS)
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