terça-feira, 18 de outubro de 2016

OS GATUNOS!

O gato também é uma máscara!
Aos dez anos de idade, eu morava em uma casa de esquina, mas precisamente na rua Dr. Hunaldo Cardoso (na placa de identificação lia-se Praça) com Rua Padre Felismino.A confusão era provavelmente devido a Rua ter casa somente em um lado da rua e o mais interessante é que na extensão onde tinha casa dos dois lados, da rua, o nome era Rua das Flores.

Da Rua das Flores até a esquina onde eu morava, existiam residências nas partes dos fundos e no restante da rua, as casa tinhas sítios nas partes dos fundos. Ruas que possuem sítios ou terrenos baldios nas parte dos fundos e terrenos baldios no outro lado da rua (se dizia que eram praças) são um convite aos gatunos fazerem visitas em horários noturnos.


Durante uma noite, lembro que era no ano de 1971 (não lembro o dia da semana), estávamos, como era de costume, todos sentados na calçada. A minha casa, por está em uma esquina, era o ponto central de encontro da meninada da vizinhança. Nesta época era comum as pessoas se sentarem as portas das casas até as dez horas da noite e era comum contar causos (na maioria das vezes os causos eram mentiras). Lá pelas vinte horas se ouve um estampido (tiro de espingarda) na casa vizinha que ficava nos fundos da casa de Seu (Srº) Duca (frente par Rua Dr. Hunaldo Cardoso) a de Seu Duca (frente para Rua Padre Felismino). Todos correm e um garoto de apenas dez anos, estava em casa sozinho, que ao ouvir a cachorra latindo ferozmente no quintal, abriu a porta, percebeu que era um gatuno, não pensou duas vezes, pegou a espingarda que estava atrás da porta e atirou no sujeito. Ele garantiu que acertou no trazeiro do mesmo e afirmou categoricamente que era um dos pedreiros que trabalhava na construção próxima. Ao chegarmos onde o pedreiro morava, a esposa não sabia onde ele andava. Não sei o resultado final da história, mas sei que ele não apareceu mais para trabalhar na obra.

Pouco tempo depois me mudei para uma casa próximo a Rua Miguel Teixeira (maldição de quem mora de aluguel), e lá um gatuno tentou invadir a casa vizinha da direita. A casa era de um casal de baiano, o marido motorista de caminhão e sempre viajava. Ele deixava um revolver a disposição da esposa para eventualidades. O problema é que o gatuno tentando invadir e a dona não teve coragem de efetuar os disparos. Mas a vizinhança percebeu e tentaram pegar o gatuno que fugiu muito rápido. Não era morador da região!

Enquanto morava nesta casa, o terreno em frente estava sendo ocupado por construções de várias casas e foi justamente para uma dessas casas que me mudei. Esse quarteirão passou a ter casa dos dois lados da Rua, mas nos fundo ainda era sítio (pertencia ao Tenente Baltazar). Como a casa era somente de dois quartos, um deles meu pai ocupava com a guarda dos fogos de artifício que ele mesmo fabrica e eu dormia em uma área de frente da cozinha e ao lado do banheiro. Foi a primeira casa que morei com banheiro dentro de casa. Durante a noite acordei com a porta dos fundos balançando (medo daqueles). Falei para minha mãe e ficamos preocupados. Durante a semana falei com um dos vizinhos que me emprestou uma espingarda de socar. Coloquei a espingarda ao lado da cama, deixei a porta somente encostada e depois de algum tempo a porta começou a balançar, apontei a espingarda, o gatuno balançando a porta que foi abrindo lentamente e pude ver que ele estava equilibrado em duas pernas, tinha a cor amarela e estava amolando as unhas na madeira da porta. Não era um gatuno, era um gato!

Pouco tempo depois fui morar no conjunto General João Pereira. O conjunto foi construído pelo BNH (Banco Nacional da Habitação) e naquela época as casas eram entregues sem a devida Infra-estrutura, ou seja, as ruas não eram pavimentadas, esgotos a céu aberto, poucos postes de iluminação pública, ainda não existia o meio fio e até mesmo a igreja (católica) ainda não existia. Devido a pouco existência de iluminação pública facilitava a ação dos gatunos. Nesta época costumava assistir aos filmes da televisão que sempre passavam depois da 22 horas e terminava sempre depois das 24 horas. Nesta época eu não costumava acender a luz para ir ao banheiro e já tinha decorado por onde deveria ir ou não andando no escuro. Uma certa noite um barulho da porta da frente balançando me acordou. Levantei, peguei a faca que estava pendurada na cabeceira da cama e me dirigir até a porta. Só que depois de assistir ao filme, fui dormir e deixei a cadeira que estava sentado no meio da sala. Quando estava me dirigindo a porta dei um chute na cadeira e o gatuno correu. Minha mãe gritou me xingando, que já estava de pé atrás da porta, portando a faca peixeira da cozinha e olhando pelo buraco da fechadura. Ela viu o gatuno e nunca me disse que era!!!

Logo que cheguei para morar no Conjunto General João Pereira, os moradores locais eram em sua maioria feirantes e eu juntamente com minha mãe era mais dois feirantes a fazer parte da comunidade. O trecho onde morava era conhecido como Rua dos Marchantes devido certa concentração dos mesmos. Na rua que fica atrás da igreja, do conjunto, morava um que trabalha na venda de carne de ovelhas. Ele comprava as ovelhas no sertão, trazia em um caminhão Chevrolet, as ovelhas eram colocadas em um terreno ao lado da casa e o caminhão estacionado a frente da casa embaixo de um pé de algaroba. Só que ele sofisticou o caminhão colocando um bom som. Um certo sábado ele foi pegar o caminhão para ir trabalhar (ir para feira) e percebeu que um gatuno tinha feito uma visita pela madruga. Ele comprou outro rádio depois de quinze dias e não é que o gatuno fez mais uma visita! Ele comprou outro som, esse bem mais moderno e chegando da viagem colocou o caminhão, como sempre, em baixo da mesma árvore. La pelas duas da madruga, se ouviu o grito do gatuno! Nesta viagem o marchante comprou ovelhas, um cachorro e esqueceu-se de retirar o cachorro da cabine do caminhão que acabou dormindo ali mesmo!! No outro dia os moradores ficaram de vigia para saber qual dos moradores tinha viajado, mas tinha o problema que era sábado e no sábado metade dos moradores, que eram feirantes, saíram para a feira pela madruga, a outra metade foi um pouco mais tarde fazer a feira semanal, no domingo os que eram feirantes foram para feira de Areia Branca e não deu para se perceber qual morador se ausentou. Somente depois de quinze dias, foi que um desses moradores apareceu com um corte no rosto após de ter caído de uma árvore!


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