segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mata Escura (1821-1847), um célebre itabaianense

Nascia em 1821, um dos mais emblemáticos personagens da História de Itabaiana. Não foi político, nem intelectual, nem tem seu nome em logradouro algum, mas tornou-se notável. Seu nome era Antonio José Dias, vulgo Mata Escura, moço pardo, assassino e ladrão profissional. Foi esse itabaianense, até onde sabemos, o primeiro sergipano não-escravo a ser executado depois de sofrer condenação à pena de morte.

Muito cedo abandonou o lar a fim de seguir a lendária carreira criminosa. Aos 17 anos, é contratado para assassinar o delegado Luiz Gonzaga de Medeiros Costa, porém acabou matando Tertuliano, filho de Luiz Gonzaga de apenas quatro anos. No ano seguinte, entrou para a quadrilha de salteadores e assassinos das matas de Itabaiana e Santa Rosa. Esta organização criminosa durante a primeira metade do século XIX tirou o sono das autoridades
policiais. Eram seus parceiros os temidos Chicão, Joaquim Veado e Manoel Antônio. Como este último praticou o crime mais cruel. Em 17 de setembro de 1841, assassinou José Francisco, morador do sítio Capunga e irmão de Manoel Antonio. A vítima padeceu com três tiros de bacamarte e mais de vinte facadas. Quatro anos depois, Mata Escura era preso, juntamente com o irmão, após ter matado um dos mais potentados senhores de engenho de Laranjeiras.

Em 1846, era condenado à morte pelo júri de Itabaiana. Tentou recorrer, inutilmente, a clemência do imperador D. Pedro II. Aos oito dias do mês de março de 1847 seria enforcado em praça pública. Escoltado com a corda no pescoço por um destacamento, agrilhoado nos pés e com as mãos presas, Mata Escura era conduzido pelas principais ruas da vila de Itabaiana. A forca estava armada na praça, a poucos metros da Igreja Matriz. O povo e as autoridades se acotovelavam ao pé do mortal instrumento para assistirem o espetáculo sinistro. 

Era por volta de uma hora da tarde do fatídico dia quando o condenado subiu os degraus do patíbulo. Na mortal instrumento, Mata Escura, resignado, culpou a mãe por seu cruel destino, acusou a justiça de proteger os ricos e assumiu a autoria de nove crimes. Tentou ainda em vão suicidar-se, mas foi impedido pelo confessor, um criminoso do mesmo nível do condenado. Por fim, sofreu o empurrão fatal. Aqueles que se achavam próximo à forca ouviram o estalejar das vértebras do criminoso. O corpo sem vida do padecente foi mantido por mais de uma hora a pendular na corda. O cadáver do criminoso foi depositado numa vala comum. 

O pardo Antonio José Dias foi assassinado aos 26 anos de idade, analfabeto, não deixou filho, esposa ou bens. Legou apenas a memória de seus feitos que foi registrada por romancistas, jornalistas e historiadores. Irrefragavelmente, é um dos mais conhecidos personagens históricos do século XIX de Itabaiana. Quem sabe um dia não receberá nome de logradouro, afinal grandes assassinos são homenageados e até idolatrados em Itabaiana, a exemplo do General João Pereira, Otoniel Dorea, Manoel Leite Sampaio e outros. 

Texto original: CULTURA DE ITABAIANA - SE
Fotos retirado: BLOG DE CLÓVIS BARBOSA

Esse texto também é encontrado no livro O CANGANÇO DE ITABAIANA GRANDE  de Robério Santos

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