quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

CONSTRUÍNDO UMA TRAGÉDIA!


tanque_do_povo_ita.jpg
Tanque do Povo - Atual Mercadão
Na década de 70, do século XX, Itabaiana era uma pequena cidade com uma pequena população e uma pequena área urbana. Ruas estreitas, metade delas tinha pavimentação à paralelepípedo, as praças não eram pavimentas (algumas arborizadas), as casas tinham quintais grandes, muitas com cisternas e com muitas árvores frutíferas. Existiam casas com grandes quintais até mesmo no centro comercial da cidade. Como exemplo posso citar a Casa comercial Café Novo Horizonte que ficava bem em frente ao Largo Santo Antônio. Existiam dezenas de lagoas, nesta mesma Área Urbana, e a mais conhecida delas ficava justamente no centro comercial da cidade: O Tanque do Povo.

domingo, 11 de janeiro de 2015

OS NOMES E APELIDOS DAS COISAS PÚBLICAS!

É comum se colocar nomes nas coisas públicas: ruas, avenidas, escolas, bairros, povoados, etc. No decorrer dos tempos esses nomes são mudados de acordo com o interesse popular ou mesmo de interesse (políticos) da Administração Pública. 

A Administração Pública nomeia os logradouros públicos homenageando pessoas consideradas importantes e santos (geralmente da Igreja Católica). O inconveniente é que nem sempre essas homenagens representam a vontade popular. É comum as pessoas não saberem por que os povoados, ruas e praças onde moram tem nome de pessoas que nunca ouviram falar! Isso é decorrente do Poder Público batizar esses logradouros a partir de homenagens prestadas pelos e por interesses políticos. Em contrapartida, as pessoas costumam colocar nomes nos locais a partir de fatos da convivência e muitas vezes acabam colocando nomes estranhos, tais como: Povoado Saco Torto, Povoado Pé do Veado, Rua do Ovo, Rua do Cacete Armado, Bairro Eucalipto, Bairro Lata Velha, etc.

domingo, 4 de janeiro de 2015

A LAGOA DO FORNO (A Mossaranha)

Por José de Almeida Bispo


O aventureiro inglês Richard Burton disse que ela fica em cima da serra de Itabaiana e tem nove quilômetros por três de comprido. Por ouvir dizer. Errou feio. Quanto ao fato de ficar em cima da serra de Itabaiana, contudo ela não errou. É preciso levar em conta que os primeiros europeus que na região chegaram entendiam todo o domo e não apenas a serra mais alta, como de Itabaiana. Mas o que confere magia à pequena lagoa é a lenda de sua origem, captada no imaginário popular na segunda metade do século XIX por Armindo Guaraná, e razoavelmente difundida por José Sebrão de Carvalho, o sobrinho.

A Lagoa do Forno, como hoje conhecida fica entre os riachos dos Tapuias e da Taboca, dela também se originado um terceiro, o riacho do Sangradouro. Foi por séculos ponto de parada dos viajantes no trânsito entre Itabaiana e a antiga capital de Sergipe, São Cristóvão, cuja estrada real lhe passa às margens, justo do lado onde começa o supra citado riacho do Sangradouro. Atualmente, é mais facilmente atingida pela estrada de rodagem para o povoado Ribeira, que também lhe margeia a uma distância pequena, aproximadamente no quilômetro 1,5, a partir da BR-235. Recentemente foi foco de preocupação e querelas partidárias por tentativa de apropriação por parte de particulares e consequente aterramento, um crime ambiental, pois, fato que foi confundido com os trabalhos de asfaltamento da antiga estrada real São Cristóvão-Itabaiana, em quase toda a sua extensão, ora em andamento.

A lenda da Mbuçarãe, toscamente chamada pelo colonizador europeu de Mossaranha é uma daquelas belíssimas trazidas da cultura indígena. Conta-se que, havia na região um casal de índios em que o valente guerreiro era extremamente ciumento, e sua amada, bela, na mesma proporção. Os espíritos maus ocuparam a cabeça do valente guerreiro por algum tempo lhe gerando um ciúme doentio. Certo dia, doente de ciúmes descobriu que sua amada tinha ido se banhar nas nascentes do rio das Pedras e lhe foi ao encontro. Por infelicidade a encontrou conversando com o dito índio de quem mais tinha ciúmes com ela e, tomado de furor, matou a ambos. O local da tragédia ficou conhecido como a Tocaia, que na língua indígena se Mondé, corrompido pelo europeu para Mundés, onde hoje é conhecido como Rio das Pedras, um próspero povoado às margens da BR-235. Após cometer seu ato tresloucado, o grande guerreiro doente de ciúmes caiu em depressão e passou a chorar até as morte. Chorou tão copiosamente que suas lágrimas geraram uma lagoa que tomou o nome de sua bela e infeliz amada: Mbuçarãe. Que hoje é a conhecida Lagoa do Forno."